quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Omulu/Obaluaê




SINCRETISMO RELIGIOSO
Uma das lendas conta que Obaluaiê haveria contraído uma moléstia contagiosa que lhe transformara a face, daí manter sempre a face oculta por um filá de palha da costa. O negro africano, tornado escravo no Brasil, via na figura de São Lázaro, o leproso, a figura que mais se aproximava do orixá da peste, da bexiga (varíola) e de todas as moléstias, principalmente as transmissíveis. É, ao mesmo tempo, que a ele se socorrem aqueles que temem por um parente, amigo ou líder importante que se encontre enfermo. As oferendas a Obaluaiê são sempre consideradas práticas mágicas, visando aproximar a saúde e afastar a morte, ponto final de todas as doenças. Em algumas religiões, também é sincretizado com São Roque e nestas ocasiões isso se deve muito mais à figura representativa do santo (um homem com roupas medievais) acompanhado de cães que lhe lambem os ferimentos (uma antiga crença popular acredita que quando um cão lambe uma ferida humana, esta cicatriza-se mais rapidamente), do que pela própria história do santo católico. Nestes casos, é comum nos candomblés, expressões tais como: "Eu sou filho de Obaluaiê, mas o meu usa chapéu", para diferenciar de São Lázaro cuja figura é representada sem esse adereço.

CARACTERÍSTICAS
Obaluaiê, também é chamado de Abaluaê,. Sapatá, Xapanã, Xankpanã, Omulu e Babalu, é o orixá da doença e de sua principal consequência, a morte. É um orixá taciturno, de difícil trato e que necessita de várias obrigações para ser abrandado. É também complacente quando o pedido é feito por mães ou esposas em favor de maridos ou filhos. É o mais temido de todos os orixás e o que menos se sensibiliza com o destino de seus seguidores. É um rei déspota que não admite contestações. Em virtude da sua ligação com a morte, é também chamado de orixá dos cemitérios, sendo cultuado preferencialmente nos chamados cruzeiros  das almas.
Goza de grande intimidade com os espíritos inferiores (Exus) justamente porque estes últimos, quase sempre habitam a sua casa, o cemitério (calunga pequena). Não confundir com a calunga grande que é o mar (reino exclusivo de mãe Iemanjá).

DATA COMEMORATIVA
Apesar de São Lázaro ser festejado a 17 de dezembro, no calendário católico, Obaluaiê é cultuado principalmente no dia de finados (1 de novembro) em virtude da sua ligação com os mortos. Há também um culto generalizado a Obaluaiê, nas tendas de Umbanda que não fecham na quaresma em virtude da sua familiaridade com os espíritos inferiores (Exus).

SAUDAÇÃO
A saudação tradicional para Obaluaê, em todo o Brasil é: "Atotô Obaluaê"!
Ao que os filhos de fé respondem respeitosamente: "Atotô, meu Pai"!

CORES REPRESENTATIVAS
Obaluaê, por representar a morte, a ausência da vida e consequentemente a ausência da luz, só poderia ter uma cor, o preto, a escuridão, o nada. Na Umbanda e no Candomblé, o preto é utilizado justamente com o branco. No passado, atribuíam-se-lhe outras cores: o marrom e o roxo, em virtude da afinidade com Nanã Buruquê.

INSTRUMENTOS DE CULTO
Na Umbanda, o único instrumento de culto deste orixá, é a guia de contas de cristal brancas (grandes) intercaladas com contas pequenas de porcelana (10 milímetros para o cristal e 6 milímentros para a porcelana). Isto ocorre porque a luz deve sempre superar a sombra. Na guia, o branco significa a presença soberana da luz (Oxalá) e o negro, a ausência da mesma. No Candomblé, o instrumento principal é o xaxará, variação reta do ebiri de Nanã Buruquê. O xaxará seria, a princípio, uma vassoura velha, gasta, mais curta que o ebiri. Nos atuais Candomblés "DEPLUMAS, PAETÍS E LANTEJOLAS", a antiga vassoura gasta acabou assumindo o aspecto de um bastão reto e cônico, adornado de búzios e de contas brancas e pretas.
Além disso, no Candomblé, como insígma real, é utilizado um longo brajá (barajá) de búzios que traze\JI na ponta uma cabaça pequena, adornada de palha da costa, búzios e contas, com a particularidade de, ao contrário dos demais brajás e guias, ter o fecho embaixo no ponto onde se insere a cabaça. A sua vestimenta é sui generis e, difere de todos os demais orixás.
É constituida de uma calça branca presa nos tornozelos com fitas, encima por um saiote longo de palha da costa, um capuz de palha da costa que começa no alto da cabeça, cobrindo o rosto e o dorso, fazendo enfim com que fiquem visíveis apenas os braços, as mãos e os pés do filho de fé manifestado com o orixá.
Sua dança é bastante cadenciada e tem como um balet, passos especiais. Sua festa maior é denominada Alubajé ou Batucajé, ocasião em que além dos atabaques usuais., RunRunle e Run-Pi, costumam-se utilizar (embora muito raramente) um atabaque especialmente construído para o orixá, que chega a medir até quantro metros de altura.

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE FÉ DE OBALUAÊ (OMULU)
Os filhos de Obaluaiê são muito controvertidos, seu caráter, as vezes, é taciturno, calado, fechado em si próprio. Às vezes, têm piques de alegria, descontração e satisfação, indo, de um pólo para outro, com facilidade e com muita frequência. Os filhos de Obaluaiê gostam de ocultismo, têm certa tendência para tudo o que é misterioso.
Gostam e frequentemente estudam a vida dos astros. Gostam das artes e das pesquisas, dedicando-se muito para isso. Convivem melhor com pessoas idosas, do que com as mais jovens.
Não têm a paciência necessária para suportar arroubos da mocidade; mesmo seus filhos (de Obaluaiê), de menos idade, sempre procuram pessoas de mais idade para conviver. Não gostam de aglomerados preferem o isolamento, utilizando seu tempo em coisas que consideram de maior utilidade.
Raramente se abrem a respeito se seus problemas, preferem "curtir" a mágoa ou a dor sem participar a ninguém. Muito sentimentais, e muito frequentemente, profundamente negativas.

NOTA EXPLICATIVA
Os filhos de fé não recebem influências de apenas um ou dois Orixás, da mesma forma que nós não ficamos presos à educação e orientação de um pai ou mãe espiritual; nós não ficamos também sob a tutela do nosso-orixá de frente ou junto. Frequentemente recebemos influências de outros orixás (como se fossem professores, avós, tios, amigos mais chegados na nossa vida material).
O fato de recebermos estas influências não quer dizer que somos filhos ou afilhados desses orixás, trata-se apenas de uma afinidade espiritual. Uma pessoa, às vezes, não se dá melhor com uma tia do que com uma mãe? Assim também é com os orixáz, podemos ser filhos de Oxossi ou Iansã e receber mais influência de Ogum ou Oxum.
Posso ser filho de Obaluaê e não gostar de trabalhar com entidades que mais lhe dizem respeito, preferindo trabalhar com entidades de cachoeiras, o que, de forma alguma, me faz ser adotado por estes outros orixás. O importante é que nos momentos mais decisivos de nossas vidas, suas influências benéficas se fazem presentes. Quase sempre uma soma de valores e não apenas, e individualmante, a característica de um único Orixá.

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