quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Oxumaré/São Bartolomeu

"ARRO BOBOI"



No Brasil, as pessoas dedicadas a Oxumaré usam colares de contas de vidro amarelas e verdes; a terça-feira é o dia da semana consagrado a ele. Seus iniciados usam brajá, longos colares de búzios, enfiados de maneira a parecerem escamas de serpente, e trazem na mão um ebiri, espécie de vassoura feita com nervuras das folhas das palmeiras. Outras vezes seguram também uma serpente de ferro forjado. Durante suas danças, seus iaôs apontam alternadamente para o céu e a terra. As pessoas gritam "Ahoboboí!" para saudá-lo. São-lhe feitas oferendas de patos e pratos de comida onde se misturam feijão, milho e camarões cozidos no azeite-de-dendê.

O bravum, embora não seja atribuído especialmente a algum orixá, é freqüentemente escolhido para a dança de Oxumaré e Euá. É um ritmo de andamento rápido, dobrado e repicado. Oxumaré, deus do arco-íris, deus-serpente, dança com movimentos ondulantes, atirando-se por vezes ao chão, imitando o bote da serpente.

Na Bahia, Oxumaré é sincretizado com São Bartolomeu. Festejam-no numa pequena cidade dos arredores que leva seu nome. Seus fiéis aí se encontram, no dia 24 de agosto, a fim de se banharem numa cascata coberta por uma neblina úmida, onde o sol faz brilhar, permanentemente, o arco-íris de Oxumaré.

Oxumaré é o arquétipo das pessoas que desejam ser ricas; das pessoas pacientes e perseverantes nos seus empreendimentos e que não medem sacríficios para atingir seus objetivos. Suas tendências à duplicidade podem ser atribuídas à natureza andrógina de seu deus. Com o sucesso tornam-se facilmente orgulhosas e pomposas e gostam de demonstrar sua grandeza recente. Não deixam de possuir certa generosidade e não se negam a estender a mão em socorro àqueles que dela necessitam.

SÃO BARTOLOMEU

Lenda 1
Oxumaré era, antigamente, o adivinho (babalaô) do rei Oni. Sua única ocupação era ir ao palácio real no dia do segredo; dia que dá início à semana, de quatro dias, dos iorubás. O rei Oni não era um rei generoso. Ele dava apenas, a cada semana, uma quantia irrisória a Oxumaré que, por essa razão vivia na miséria com sua família. O pai de Oxumaré tinha um belo apelido. Chamavam-no "o proprietário do xale de cores brilhantes". Mas tal como seu filho, ele não tinha poder. As pessoas da cidade não o respeitavam. Oxumaré, magoado por esta triste situação, consultou Ifá. "como tornar-me rico, respeitado, conhecido e admiradopor todos?" Ifá o aconselhou a fazer oferendas. Ele disse-lhe que oferecesse uma faca de bronze, quatro pombos e quatro sacos de búzios da costa. No momento que Oxumaré fazia estas oferendas, o rei mandou chamá-lo. Oxumaré respondeu: "Pois não, chegarei tão logo tenha terminado a cerimônia." O rei, irritado pela espera, humilhou Oxumaré, recriminou-o e negligenciou, até, a remessa de seus pagamentos habituais. Entretanto, voltando à sua casa, Oxumaré recebeu um recado: Olocum, a rainha de um país vizinho, desejava consultá-lo a respeito de seu filho que estava doente. Ele não podia manter-se de pé. Caía, rolava no chão e queimava-se nas cinzas do fogareiro. Oxumaré dirigiu-se à corte da rainha Olocum e consultou Ifá para ela. Todas as doenças da criança foram curadas. Olocum, encantada por este resultado, recompensou Oxumaré. Ela ofereceu-lhe uma roupa azul, feita de rico tecido. Ela deu-lhe muitas riquezas, servidores e um cavalo, sobre o qual Oxumaré retornou à sua casa em grande estilo. Um escravo fazia rodopiar um guarda sol sobre sua cabeça e músicoa cantavam seus louvores. Oxumaré foi, assim, saudar o rei. O rei Oni ficou surpreso e disse-lhe: "Oh! De onde vieste? De onde sairam todas estas riquezas?" Oxumaré respondeu-lhe que a rainha Olocum o havia consultado. "Ah! Foi então Olocum que fez tudo isto por você!" Estimulado pela rivalidade, o rei Oni ofereceu a Oxumaré uma roupa do mais belo vermelho, acompanhada de muitos outros presentes. Oxumaré tornou-se, assim, rico e respeitado. Oxumaré, entretanto, não era amigo de Chuva. Quando Chuva reunia as nuvens, Oxumaré agitava sua faca de bronze e a apontava em direção ao céu, como se riscasse de um lado a outro. O arco-íris aparecia e Chuva fugia. Todos gritavam: "Oxumaré apareceu!" Oxumaré tornou-se, assim, muito célebre. Nesta época, Olodumaré, o deus supremo, aquele que estende a esteira real em casa e caminha na chuva, começou a sofrer da vista e nada mais enxergava. Ele mandou chamar Oxumaré e o mal dos seus olhos foram curados. Depois disso, Olodumaré não deixou mais que Oxumaré retornasse a Terra. Desde esse dia, é no céu que ele mora e só tem permissão para visitar a Terra a cada três anos. É durante estes anos que as pessoas tornam-se ricas e prósperas."


Lenda 2

 Nana Buruju desejava ter um filho com Oxalá. Conseguiu o primeiro (OBALUAIÊ) ela o rejeitou e se livrou – se do mesmo.

         O Deus do destino disse que ela teria um outro filho belíssimo, mas jamais ficaria junto dela, e viveria percorrendo o mundo sem parar, e seria tão lindo como o Arco Íris.

         Durante seis meses Oxumaré transformava – se em um monstro a cobra, os outros seis meses era uma belíssima moça (Bessém)

         Bessém ficou com raiva de Nanã, porque, quando namorava os seis meses que era a moça estava tudo bem o problema era os outros seis meses que se transformava em uma cobra. O namorado sempre desistia do namoro e saia correndo.

         Oxumaré era pobre, pois o rei Oni nunca se mostrou particularmente generoso.

         Mas Oxumaré queria ter mais riquezas. Não sabia porém como ampliar seus rendimentos então Ifá trousse uma resposta: Tudo faria por ele se Oxumaré lhe fizesse uma oferenda. E assim ele fez a obrigação composta de uma faca de bronze, 4 sacos  de búzios, 4 pombos. Mas o rei exigia exatamente neste momento a presença de Oxumaré no palácio, não podendo larga a cerimônia no meio, Oxumaré mandou dizer que logo após a oferenda iria. O rei não satisfeito mandou que cortasse os vencimentos, jogando Oxumaré na miséria. Mas Olokum, a rainha de um reino vizinho, mandou chamar Oxumaré, pois queria seus serviços, por que tinha um filho doente. Oxumaré novamente serviu de ponte entre os humanos e a divindade de Ifá. Procurou saber o que era necessário para o garoto fica bom, logo que descobriu cumpriu os ritos necessários e curou o garoto. A gratidão de Olokum foi tamanha que encheu de presentes, servos, roupas caras, enfim simbolizando a riqueza. O rei de Oni ficou surpreso e invejoso, mandou mais presentes a Oxumaré, só que ainda mais valiosos.

         Ifá cumpriu o prometido: Fez de Oxumaré uma pessoa muito rica e respeitada.

 Características dos Filhos de Oxumarê
São pessoas que tendem à renovação e à mudança. Periodicamente mudam tudo em sua vida (de maneira radical): mudam de casa, de amigos, de religião, de emprego; vivem rompendo com o passado e buscando novas alternativas para o futuro, para cumprir seu ciclo de vida: mutável, incerto, de substituições constantes. São magras. Como as cobras possuem olhos atentos, salientes, difíceis de encarar, mas ‘não enxergam’. São pessoas que se prendem a valores materiais e adoram ostentar suas riquezas; São orgulhosas, exibicionistas, mas também generosas e desprendidas quando se trata de ajudar alguém.
Extremamente ativas e ágeis, estão sempre em movimento e ação, não podem parar.
São pessoas pacientes e obstinadas na luta por seus objetivos e não medem sacrifícios para alcançá-los. A dualidade do orixá também se manifesta em seus filhos, principalmente no que se refere às guinadas que dão em suas vidas, que chegam a ser de 180 graus indo de um extremo a outro sem o menor problema. Mudam de repente da água para o vinho, assim como Oxumaré, o Grande Deus do Movimento.

GUIA DE OXUMARÉ

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