sábado, 20 de setembro de 2014

Oxum/Nossa Senhora Aparecida



Oxum é sincretizada a Nossa Senhora Aparecida (para uns e Nossa Senhora da Glória para outros). A pequena imagem da santa foi retirada do rio Paraíba por pescadores da região em 1717.  No início, a imagem de Nossa Senhora foi levada para casa de um dos pescadores conhecido por Filipe Cardoso. Em 1737 foi construída uma pequena capela nas margens do rio e cultuada por moradores da região. Em 1745 foi construída uma pequena igreja e em 1888, construíram uma nova igreja, que ficou conhecida como basílica velha e em 1980, foi inaugurada a atual basílica.



N. S. Aparecida Oxum é Orixá que domina as mulheres de modo geral. É conhecida como Orixá da fertilidade, do amor e também a protetora das gestantes como Iemanjá.
Oxum tem grande atuação sobre as mulheres solteiras. Embora isso não seja uma regra, é ela quem protege a juventude. Oxum domina as cachoeiras e chefia uma das falanges da linha de Iemanjá, conhecida como a falange das sereias. Oxum consolida nos filhos da Umbanda a força da mediunidade, fortificando-a nos banhos de cachoeira.



Oxum representa a beleza e a pureza. Ela é evocada nos templos de Umbanda para limpeza fluídica das pessoas e do ambiente dos nossos templos. Por representar a moral e o modelo de mãe, ela é respeitadíssima nos templos de Umbanda.
Oxum representa a fertilidade, é a ela quem recorrem as mulheres que desejam engravidar, sendo também como Iemanjá responsável pela gestação e pelos recém nascidos. A Oxum recorrem todos que se sentem angustiados, desprezados e estéreis. 
A atuação de Oxum nos trabalhos de Umbanda indica alguém extremamente caridoso, capaz de sacrifícios no lugar do próximo. Nos processos de descarga das pessoas que procuram nossos templos em busca de ajuda, é Oxum quem normalmente é evocada para efetuar inicialmente a limpeza fluídica. Oxum ajudará qualquer pessoa, independente dos sentimentos que alimenta, ela descarregará as pessoas através das sereias, seres elementais das águas manipulados pelo plano espiritual enviadas ao nosso plano físico.



Nas obrigações a Oxum são usadas rosas brancas e amarelas sem os espinhos, velas de cor azul escuro e amarelo, água pura. Deturpadores ou chefes de terreiro mal preparados costumam levar suas correntes até as cachoeiras e lá depositam enorme quantidade de lixo e matanças, que em nada ajudarão essas pessoas que estão maculando um santuário consagrado a Oxum e a Xangô. Alguns levam bebidas como o champanhe, licor de cereja e outras bebidas, deixando lá as garrafas e as velas derretendo nas pedras, deixando imundo o local.
Oxum é o exemplo de mãe que nunca desampara seus filhos. Tenha fé em Oxum, aumente sua devoção por ela, faça como os caboclos, os pretos velhos, crianças e protetores da Umbanda: respeite-a sempre. 
Devido a sua característica de aliviar o sofrimento das pessoas que comparecem aos terreiros, conquistou o respeito e a confiança de todos os seguidores da Umbanda, sendo conhecida como uma das rainhas da Umbanda Sagrada.
Oxum é respeitadíssima nos templos de Umbanda.



Cor .....................  Azul escuro e Dourado
Domínios ..............As cachoeiras
Atuação ............... Fertilidade e maternidade
Saudação .............Ai, iê, iê, Mamãe Oxum
Elemento ............. Água


Características dos Filhos de Oxum

Dão muito valor à opinião pública, fazem qualquer coisa para não chocá-la, preferindo contornar com suas diferenças com habilidade e diplomacia. São obstinadas na busca de seus objetivos.
Oxum é o arquétipo daqueles que agem com estratégia, que jamais esquecem suas finalidades, atrás de sua imagem doce se esconde uma forte determinação e um grande desejo de ascensão social.
Têm certa tendência à gordura, a imagem do gordinho risonho e bem-humorado combina com eles. Gostam de festas, badalações e de outros prazeres que a vida possa lhes oferecer. Tendem a uma vida sexual intensa, mas com muita discrição, pois detestam escândalos.
Não se desesperam por paixões impossíveis, por mais que gostem de uma pessoa, o seu amor-próprio é muito maior. Eles são narcisistas demais para gostar muito de alguém.
Graça, vaidade, elegância, certa preguiça, charme e beleza definem os filhos de Oxum, que gostam de joias, perfumes, roupas vistosas e de tudo que é bom e caro.
O lado espiritual dos filhos de Oxum é bastante aguçado. Talvez por isso as maiores ialorixás que o Brasil tem e teve são de Oxum.


terça-feira, 9 de setembro de 2014

Ewá/Santa Luzia



Lenda do Orixá  EWÁ ou Yewá

Nessa Lenda do Orixá Ewá você pode conhecer um pouco mais sobre esta yaba, pois pouco se sabe sobre o orixá Yewá. Ela também é filha de Nanã, e é vista como horizonte, o encontro do céu com a terra, do céu com o mar. Ewá representa ainda outros horizontes, com a interface onde se tocam a vida e a morte, o dia e a noite, e outros. Assim, todas as transformações, mudanças e adaptações são regidas por ela.
Ewá é virgem, bela e iluminada. Apesar desta beleza e do assédio dos orixás masculinos, nunca quis se casar, sendo uma moça quieta e isolada, voltada para o conhecimento dos segredos das transformações.
Nanã, preocupada com sua filha, pediu a Orunmilá que lhe arranjasse um amor, um casamento, mas Ewá desejava viver sozinha, dedicada à sua tarefa de fazer cair a noite no horizonte, puxando o sol com seu arpão. Pediu ajuda ao seu irmão Oxumaré, o arco-íris, que a escondeu no lugar onde ele se acaba, por trás do horizonte, e Nanã não mais pode alcança-la.
Assim, os dois irmãos passaram a viver juntos, para sempre inatingíveis, daí vem a lenda que Oxumaré se transforma-se em mulher. Ambos regem o inatingível e Ewá também é compreendida como a energia que torna possível o abandono do corpo e a entrada do espírito numa nova dimensão.
No Brasil, poucos candomblés cultuam Ewá,pois dizem que o conhecimento sobre as folhas necessárias ao seu culto foi perdido durante o processo de aculturação dos africanos escravos.

Para muitos Umbandistas o sincretismo de Santa Luzia refere-se a Ewá. Antigamente referia-se à Ossãe, que é um Orixá das Folhas e masculino, cultuado na África - por isso, seu sincretismo é outro.
Existe determinada confusão em alguns sincretismos, porque a Umbanda ainda é uma religião nova e não existe uma conformidade quanto a datas e santos, devido ao tamanho do território brasileiro e à quantidade de Casas Umbandistas. Também há outra ressalva: Yewá (Ewá) costuma ser festejada apenas no Candomblé; portanto, na Umbanda ela pertence à Linha das Águas e não possui linha própria.


CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE EWÁ

São pessoas de beleza exótica, diferenciam-se das demais justamente por isso, possuem tendências a duplicidade, em algumas ocasiões, pode ser bastante simpática em outras são extremamente arrogantes. Às vezes aparentam ser bem mais velhas outras vezes   parecem meninas, moças ingênuas e puras. Apegas à riqueza, gostam de ostentar roupas bonitas e vistosas, sempre acompanham a moda. Adoram elogios e galanteios. São pessoas altamente influenciáveis que agem conforme o ambiente e as pessoas que a cercam, assim podem ser contidas, podem ser damas de alta sociedade quando o ambiente requisitar, podem ser mulheres populares, falantes e alegres em lugares menos sofisticados.
São pessoas vivas e atentas, mas sua atenção está canalizada para determinadas pessoas ou ocasiões, os que as levam com certeza a se desligar do resto das coisas. Isso aponta certa distração e dificuldade de concentração, especialmente em atividades escolares.
As filhas de Ewá são notadas pela beleza do rosto, nota-se logo pelos traços singelos, bem lapidados, bem trabalhados, normalmente tem o corpo esbelto e o andar silencioso. Os olhos costumam ser pequenos, lembrando um olhar de cobra, ou um olhar de pássaro. O nariz costuma ser pequenino e cheio de graça. As mãos pequeninas. Se forem brancas terão na sua pele a aparência de veludo, se forem morenas terão um brilho próprio. Por mais que tentem não conseguem deixar os cabelos crescerem.
As filhas de Ewá são preguiçosas e faladeiras, tendem muitas vezes a serem chamadas de arrogantes. Seu jeito pode não agradar muito as pessoas. A maioria delas são namoradeiras, se apaixonando muito fácil, são malcriadas, se julgam tão auto-suficientes que não pedem ajuda a ninguém, preferem antes ajudar. Gostam de estudar, e detestam receber ordens. Em alguns momentos preferem se isolar, ficando sós com seus próprios pensamentos. São muitos determinados, são calmos, mas quando necessário torna-se briguentas.
As filhas de Ewá são agitadas e são pessoas com saúdes debilitadas, com tendência a problemas respiratórios e intestinais. Por outro lado, são leais, carinhosos e alegres.
Profissionalmente se dão muito bem nos setores de Assistência social, professores, enfermeiras, médicas (principalmente pediatria), donas de casa, freiras, rezadeiras, curandeiras, feiticeiras, psicólogas, cabeleireiras, maquiadoras, jornalistas e escritoras.


Dia da semana: segunda-feira
Cores: verde-mar e rosa (o tom do rosa é o do cair da tarde).
Símbolo: Arpão com uma serpente enrolada, por sua ligação com Oxumarê.
Comida: batata doce
Saudação de Ewá: Ri ró Ewá!


sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Ogum/ São Jorge


LENDA 1

Ogum decidiu, depois de numerosos anos ausente de Irê, voltar para visitar seu filho (informação pessoal do Oníìré em 1952). Infelizmente, as pessoas da cidade celebravam, no dia da sua chegada, uma cerimônia em que os participantes não podiam falar sob nenhum pretexto. Ogum tinha fome e sede; viu vários potes de vinho de palma, mas ignorava que estivessem vazios. Ninguém o havia saudado ou respondido às suas perguntas. Ele não era reconhecido no local por ter ficado ausente durante muito tempo. 

Ogum, cuja paciência é pequena, enfureceu-se com o silêncio geral, por ele considerado ofensivo. Começou a quebrar com golpes de sabre os potes e, logo depois, sem poder se conter, passou a cortar as cabeças das pessoas mais próximas, até que seu filho apareceu, oferecendo-lhe as suas comidas prediletas, como cães e caramujos, feijão regado com azeite-de-dendê e potes de vinho de palma. Enquanto saciava a sua fome e a sua sede, os habitantes de Irê cantavam louvores onde não faltava a menção a Ògúnjajá, que vem da frase ògún je ajá (Ogum come cachorro), o que lhe valeu o nome de ògúnjá. 

Satisfeito e acalmado, Ogum lamentou seus atos de violência e declarou que já vivera bastante. Baixou a ponta de seu sabre em direção ao chão e desapareceu pela terra adentro com uma barulheira assustadora. Antes de desaparecer, entretanto, ele pronunciou algumas palavras. A essas palavras, ditas durante uma batalha, Ogum aparece imediatamente em socorro daquele que o evocou.


LENDA 2

Baladas medievais contam que Jorge era filho de Lorde Albert de Coventry. Sua mãe morreu ao dá-lo à luz e o recém nascido Jorge foi roubado pela Dama do Bosque para que pudesse, mais tarde, fazer proezas com suas armas. O corpo de Jorge possuia três marcas: um dragão em seu peito, uma jarreira em volta de uma das pernas e uma cruz vermelho-sangue em seu braço. Ao crescer e adquirir a idade adulta, ele primeiro lutou contra os sarracenos e, depois de viajar durante muitos meses por terra e mar, foi para Sylén, uma cidade da Líbia.
Nesta cidade, Jorge encontrou um pobre eremita que lhe disse que toda a cidade estava em sofrimento, pois lá existia um enorme dragão cujo hálito venenoso podia matar toda uma cidade, e cuja pele não poderia ser perfurada nem por lança e nem por espada. O eremita lhe disse que todos os dias o dragão exigia o sacrifício de uma bela donzela e que todas as meninas da cidade haviam sido mortas, só restando a filha do rei, Sabra, que seria sacrificada no dia seguinte ou dada em casamento ao campeão que matasse o dragão.
Ao ouvir a história, Jorge ficou determinado em salvar a princesa. Ele passou a noite na cabana do eremita e quando amanheceu partiu para o vale onde o dragão morava. Ao chegar lá, viu um pequeno cortejo de mulheres lideradas por uma bela moça vestindo trajes de pura seda árabe. Era a princesa, que estava sendo conduzida pelas mulheres para o local do sacrifício. São Jorge se colocou na frente das mulheres com seu cavalo e, com bravas palavras, convenceu a princesa a voltar para casa.
O dragão, ao ver Jorge, sai de sua caverna, rosnando tão alto quanto o som de trovões. Mas Jorge não sente medo e enterra sua lança na garganta do monstro, matando-o. Como o rei do Marrocos e do Egito não queria ver sua filha casada com um cristão, envia São Jorge para a Pérsia e ordena que seus homens o matem. Jorge se livra do perigo e leva Sabra para a Inglaterra, onde se casa e vive feliz com ela até o dia de sua morte, na cidade de Coventry.

LENDA 3

Jorge acampou com sua armada romana próximo a Salone, na Líbia. Lá existia um gigantesco crocodilo alado que estava devorando os habitantes da cidade, que buscaram refúgio nas muralhas desta. Ninguém podia entrar ou sair da cidade, pois o enorme crocodilo alado se posicionava em frente a estas. O hálito da criatura era tão venenoso que pessoas próximas podiam morrer envenenadas. Com o intuito de manter a besta longe da cidade, a cada dia ovelhas eram oferecidas à fera até estas terminarem e logo crianças passaram a ser sacrificadas.
O sacrifício caiu então sobre a filha do rei, Sabra, uma menina de quatorze anos. Vestida como se fosse para o seu próprio casamento, a menina deixou a muralha da cidade e ficou à espera da criatura. Jorge, o tribuno, ao ficar sabendo da história, decidiu pôr fim ao episódio, montou em seu cavalo branco e foi até o reino resgatá-la, mas antes fez o rei jurar que se a trouxesse de volta, ele e todos os seus súditos se converteriam ao cristianismo. Após tal juramento, Jorge partiu atrás da princesa e do "dragão". Ao encontrar a fera, Jorge a atinge com sua lança, mas esta se despedaça ao ir de encontro à pele do monstro e, com o impacto, São Jorge cai de seu cavalo. Ao cair, ele rola o seu corpo, até uma árvore de laranjeira, onde fica protegido por ela do veneno do dragão até recuperar suas forças.
Ao ficar pronto para lutar novamente, Jorge acerta a cabeça do dragão com sua poderosa espada Ascalon. O dragão derrama então o veneno sobre ele, dividindo sua armadura em dois. Uma vez mais, Jorge busca a proteção da laranjeira e em seguida, crava sua espada sob a asa do dragão, onde não havia escamas, de modo que a besta cai muito ferida aos seus pés. Jorge amarra uma corda no pescoço da fera e a arrasta para a cidade, trazendo a princesa consigo. A princesa, conduzindo o dragão como um cordeiro, volta para a segurança das muralhas da cidade. Lá, Jorge corta a cabeça da fera na frente de todos e as pessoas de toda cidade se tornam cristãs.
O dragão (o demônio) simbolizaria a idolatria destruída com as armas da Fé. Já a donzela que o santo defendeu representaria a província da qual ele extirpou as heresias.
A ligação de São Jorge com a lua é algo puramente brasileiro, com forte influência da cultura africana. Em Salvador, Bahia, o santo foi sincretizado a Oxossi.
 Na religião da Umbanda, o santo é associado a Ogum. A tradição diz que as manchas apresentadas pela lua representam o milagroso santo, seu cavalo e sua espada pronto para defender aqueles que buscam sua ajuda.


LENDA 4

Ogum lutava sem cessar contra os reinos vizinhos. Ele trazia sempre um rico espólio em suas expedições, além de numerosos escravos. Todos estes bens conquistados, ele entregava a Odúduá, seu pai, rei de Ifé.
Ogum continuou suas guerras. Durante uma delas, ele tomou Irê. Antigamente, esta cidade era formada por sete aldeias. Por isto chamam-no, ainda hoje, Ogum mejejê lodê Irê - "Ogum das sete partes de Irê".
Ogum matou o rei, Onirê e o substituiu pelo próprio filho, conservando para si o título de Rei. Ele é saudado como Ogum Onirê! - "Ogum Rei de Irê!"
Entretanto, ele foi autorizado a usar apenas uma pequena coroa, "akorô". Daí ser chamado, também, de Ogum Alakorô - "Ogum dono da pequena coroa".
Após instalar seu filho no trono de Irê, Ogum voltou a guerrear por muitos anos. Quando voltou a Irê, após longa ausência, ele não reconheceu o lugar. Por infelicidade, no dia de sua chegada, celebrava-se uma cerimônia, na qual todo mundo devia guardar silêncio completo. Ogum tinha fome e sede.
Ele viu as jarras de vinho de palma, mas não sabia que elas estavam vazias. O silêncio geral pareceu-lhe sinal de desprezo. Ogum, cuja paciência é curta, encolerizou-se. Quebrou as jarras com golpes de espada e cortou a cabeça das pessoas. A cerimônia tendo acabado, apareceu, finalmente, o filho de Ogum e ofereceu-lhe seus pratos prediletos: caracóis e feijão, regados com dendê, tudo acompanhado de muito vinho de palma.
Ogum, arrependido e calmo, lamentou seus atos de violência, e disse que já vivera bastante, que viera agora o tempo de repousar. Ele baixou, então, sua espada e desapareceu sob a terra. Ogum tornara-se um Orixá.


LENDA 5

Oyá vivia com Ogum antes de ser mulher de Xangô. Ela ajudava Ogum no seu trabalho, carregava seus instrumentos, manejava o fole para ativar o fogo da forja. Um dia Ogum deu a Oyá uma vara de ferro igual a que lhe pertencia que tinha o poder de dividir os homens em sete partes e as mulheres em nove partes, caso estas as tocassem em uma briga.
Xangô gostava de sentar-se perto da forja para apreciar Ogum bater o ferro, e sempre lançava olhares a Oyá; ela por sua vez, também lançava olhares a Xangô.
Xangô era muito elegante, seus cabelos eram trançados, usava brincos, colares e pulseira. Sua imponência e seu poder impressionaram Oyá. Um dia Oyá e Xangô fugiram e Ogum lançou-se em perseguição deles. Encontrando os fugitivos, brandiu sua vara mágica, Oyá fez o mesmo e eles se tocaram ao mesmo tempo. E assim que Ogum foi dividido em sete partes e Oyá em nove partes, recebeu ele o nome de Ogum Mejé e ela o de Iansã, cuja origem vem de Iyámésàn a mãe transformada em nove.


LENDA 6

Ogum tem estreita relação com o número sete, o que é explicado por duas lendas iorubanas. Na primeira, ele aparece como o guerreiro - filho de Odudua, rei de Ifé - que conquista a cidade de Irê e assume o título de Oni (senhor ou rei). Em torno de Irê havia sete aldeias, hoje desaparecidas. Por essa razão, acreditava-se que Ogum fosse composto por sete partes, uma para cada aldeia conquistada. Em iorubano, sete é mejê, de onde resultou a expressão Ogum Mejê (O Ogum que são sete, ou o Ogum composto de sete partes). É a ele, portanto, que o ponto é dedicado.
A outra lenda fala do casamento entre Ogum e Oiá. Ogum tinha uma vara mágica, feita de ferro (metal que lhe está associado), que tinha a propriedade de dividir em sete partes os homens e em nove partes as mulheres que tocasse. Em sua oficina de ferreiro, Ogum confeccionou uma vara igual e deu-a de presente a Oiá. Algum tempo depois, porém, Oiá fugiu com Xangô e foi perseguida pelo furioso marido traído. Quando se encontraram, entraram em combate com suas varas mágicas, dividindo-se Ogum em sete parte e Oiá em nove. Por isso ela é chamada de Iansã, termo composto de duas palavras iorubanas: Iá ou Inhá (mãe) e messan (nove). 

Características dos Filhos de Ogum

Fisicamente, os filhos de Ogum são magros, mas com músculos e formas bem definidos. Compartilham com Exu o gosto pelas festas e conversas que não acabam e gostam de brigas. Se não fizerem a sua própria briga, compram a de seus camaradas. Sexualmente os filhos de Ogum são muito potentes; trocam constantemente de parceiros, pois possuem dificuldade de se fixar a pessoa ou lugar. São do tipo que dispensa um confortável colchão de molas para dormir no chão; gostam de pisar a terra com os pés descalços. São pessoas batalhadoras, que não medem esforços para atingir seus objetivos, são pessoas que mesmo contrariando a lógica lutam insistentemente e vencem. São pessoas extremamente pontuais e ficam enlouquecidos quando uma pessoa se atrasa ou cancela um compromisso previamente agendado seja por que motivo for.
Não se prendem à riqueza, ganham hoje, gastam amanhã. Gostam mesmo é do poder, gostam de comandar, são líderes natos. Essa necessidade de estar sempre à frente pode torná-los pessoas egoístas e desagradáveis, mas nem sempre. Geralmente, os filhos de Ogum são pessoas alegres, que falam e riem alto para que todos se divirtam com suas histórias e que adoram compartilhar a sua felicidade.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Oxumaré/São Bartolomeu

"ARRO BOBOI"



No Brasil, as pessoas dedicadas a Oxumaré usam colares de contas de vidro amarelas e verdes; a terça-feira é o dia da semana consagrado a ele. Seus iniciados usam brajá, longos colares de búzios, enfiados de maneira a parecerem escamas de serpente, e trazem na mão um ebiri, espécie de vassoura feita com nervuras das folhas das palmeiras. Outras vezes seguram também uma serpente de ferro forjado. Durante suas danças, seus iaôs apontam alternadamente para o céu e a terra. As pessoas gritam "Ahoboboí!" para saudá-lo. São-lhe feitas oferendas de patos e pratos de comida onde se misturam feijão, milho e camarões cozidos no azeite-de-dendê.

O bravum, embora não seja atribuído especialmente a algum orixá, é freqüentemente escolhido para a dança de Oxumaré e Euá. É um ritmo de andamento rápido, dobrado e repicado. Oxumaré, deus do arco-íris, deus-serpente, dança com movimentos ondulantes, atirando-se por vezes ao chão, imitando o bote da serpente.

Na Bahia, Oxumaré é sincretizado com São Bartolomeu. Festejam-no numa pequena cidade dos arredores que leva seu nome. Seus fiéis aí se encontram, no dia 24 de agosto, a fim de se banharem numa cascata coberta por uma neblina úmida, onde o sol faz brilhar, permanentemente, o arco-íris de Oxumaré.

Oxumaré é o arquétipo das pessoas que desejam ser ricas; das pessoas pacientes e perseverantes nos seus empreendimentos e que não medem sacríficios para atingir seus objetivos. Suas tendências à duplicidade podem ser atribuídas à natureza andrógina de seu deus. Com o sucesso tornam-se facilmente orgulhosas e pomposas e gostam de demonstrar sua grandeza recente. Não deixam de possuir certa generosidade e não se negam a estender a mão em socorro àqueles que dela necessitam.

SÃO BARTOLOMEU

Lenda 1
Oxumaré era, antigamente, o adivinho (babalaô) do rei Oni. Sua única ocupação era ir ao palácio real no dia do segredo; dia que dá início à semana, de quatro dias, dos iorubás. O rei Oni não era um rei generoso. Ele dava apenas, a cada semana, uma quantia irrisória a Oxumaré que, por essa razão vivia na miséria com sua família. O pai de Oxumaré tinha um belo apelido. Chamavam-no "o proprietário do xale de cores brilhantes". Mas tal como seu filho, ele não tinha poder. As pessoas da cidade não o respeitavam. Oxumaré, magoado por esta triste situação, consultou Ifá. "como tornar-me rico, respeitado, conhecido e admiradopor todos?" Ifá o aconselhou a fazer oferendas. Ele disse-lhe que oferecesse uma faca de bronze, quatro pombos e quatro sacos de búzios da costa. No momento que Oxumaré fazia estas oferendas, o rei mandou chamá-lo. Oxumaré respondeu: "Pois não, chegarei tão logo tenha terminado a cerimônia." O rei, irritado pela espera, humilhou Oxumaré, recriminou-o e negligenciou, até, a remessa de seus pagamentos habituais. Entretanto, voltando à sua casa, Oxumaré recebeu um recado: Olocum, a rainha de um país vizinho, desejava consultá-lo a respeito de seu filho que estava doente. Ele não podia manter-se de pé. Caía, rolava no chão e queimava-se nas cinzas do fogareiro. Oxumaré dirigiu-se à corte da rainha Olocum e consultou Ifá para ela. Todas as doenças da criança foram curadas. Olocum, encantada por este resultado, recompensou Oxumaré. Ela ofereceu-lhe uma roupa azul, feita de rico tecido. Ela deu-lhe muitas riquezas, servidores e um cavalo, sobre o qual Oxumaré retornou à sua casa em grande estilo. Um escravo fazia rodopiar um guarda sol sobre sua cabeça e músicoa cantavam seus louvores. Oxumaré foi, assim, saudar o rei. O rei Oni ficou surpreso e disse-lhe: "Oh! De onde vieste? De onde sairam todas estas riquezas?" Oxumaré respondeu-lhe que a rainha Olocum o havia consultado. "Ah! Foi então Olocum que fez tudo isto por você!" Estimulado pela rivalidade, o rei Oni ofereceu a Oxumaré uma roupa do mais belo vermelho, acompanhada de muitos outros presentes. Oxumaré tornou-se, assim, rico e respeitado. Oxumaré, entretanto, não era amigo de Chuva. Quando Chuva reunia as nuvens, Oxumaré agitava sua faca de bronze e a apontava em direção ao céu, como se riscasse de um lado a outro. O arco-íris aparecia e Chuva fugia. Todos gritavam: "Oxumaré apareceu!" Oxumaré tornou-se, assim, muito célebre. Nesta época, Olodumaré, o deus supremo, aquele que estende a esteira real em casa e caminha na chuva, começou a sofrer da vista e nada mais enxergava. Ele mandou chamar Oxumaré e o mal dos seus olhos foram curados. Depois disso, Olodumaré não deixou mais que Oxumaré retornasse a Terra. Desde esse dia, é no céu que ele mora e só tem permissão para visitar a Terra a cada três anos. É durante estes anos que as pessoas tornam-se ricas e prósperas."


Lenda 2

 Nana Buruju desejava ter um filho com Oxalá. Conseguiu o primeiro (OBALUAIÊ) ela o rejeitou e se livrou – se do mesmo.

         O Deus do destino disse que ela teria um outro filho belíssimo, mas jamais ficaria junto dela, e viveria percorrendo o mundo sem parar, e seria tão lindo como o Arco Íris.

         Durante seis meses Oxumaré transformava – se em um monstro a cobra, os outros seis meses era uma belíssima moça (Bessém)

         Bessém ficou com raiva de Nanã, porque, quando namorava os seis meses que era a moça estava tudo bem o problema era os outros seis meses que se transformava em uma cobra. O namorado sempre desistia do namoro e saia correndo.

         Oxumaré era pobre, pois o rei Oni nunca se mostrou particularmente generoso.

         Mas Oxumaré queria ter mais riquezas. Não sabia porém como ampliar seus rendimentos então Ifá trousse uma resposta: Tudo faria por ele se Oxumaré lhe fizesse uma oferenda. E assim ele fez a obrigação composta de uma faca de bronze, 4 sacos  de búzios, 4 pombos. Mas o rei exigia exatamente neste momento a presença de Oxumaré no palácio, não podendo larga a cerimônia no meio, Oxumaré mandou dizer que logo após a oferenda iria. O rei não satisfeito mandou que cortasse os vencimentos, jogando Oxumaré na miséria. Mas Olokum, a rainha de um reino vizinho, mandou chamar Oxumaré, pois queria seus serviços, por que tinha um filho doente. Oxumaré novamente serviu de ponte entre os humanos e a divindade de Ifá. Procurou saber o que era necessário para o garoto fica bom, logo que descobriu cumpriu os ritos necessários e curou o garoto. A gratidão de Olokum foi tamanha que encheu de presentes, servos, roupas caras, enfim simbolizando a riqueza. O rei de Oni ficou surpreso e invejoso, mandou mais presentes a Oxumaré, só que ainda mais valiosos.

         Ifá cumpriu o prometido: Fez de Oxumaré uma pessoa muito rica e respeitada.

 Características dos Filhos de Oxumarê
São pessoas que tendem à renovação e à mudança. Periodicamente mudam tudo em sua vida (de maneira radical): mudam de casa, de amigos, de religião, de emprego; vivem rompendo com o passado e buscando novas alternativas para o futuro, para cumprir seu ciclo de vida: mutável, incerto, de substituições constantes. São magras. Como as cobras possuem olhos atentos, salientes, difíceis de encarar, mas ‘não enxergam’. São pessoas que se prendem a valores materiais e adoram ostentar suas riquezas; São orgulhosas, exibicionistas, mas também generosas e desprendidas quando se trata de ajudar alguém.
Extremamente ativas e ágeis, estão sempre em movimento e ação, não podem parar.
São pessoas pacientes e obstinadas na luta por seus objetivos e não medem sacrifícios para alcançá-los. A dualidade do orixá também se manifesta em seus filhos, principalmente no que se refere às guinadas que dão em suas vidas, que chegam a ser de 180 graus indo de um extremo a outro sem o menor problema. Mudam de repente da água para o vinho, assim como Oxumaré, o Grande Deus do Movimento.

GUIA DE OXUMARÉ

Prece para os Médiuns

PRECE PARA OS MÉDIUNS

Deus Todo-Poderoso, permiti que, nas comunicações que solicito, eu seja assistido por bons Espíritos.
Preservai-me da presunção de me julgar isento da influência dos maus Espíritos; do orgulho ou vaidade que me cegaria, iludindo-se quanto ao valor das comunicações que obtenha; de todo e qualquer sentimento contrário ao Espírito de caridade para com todos os meus irmãos e especialmente para com os outros
médiuns.
Se eu for induzido ao erro, inspirai a outrem o pensamento de me avisar, e a mim a humildade para aceitar com reconhecimento a advertência e tomar para mim mesmo os conselhos e instruções que me ditarem os vossos bons Espíritos.
Permiti que eu nunca seja levado a abusar ou, de qualquer modo, a envaidecer-me com a faculdade que, para meu benefício, fizeste a graça de me conceder; antes, eu vo-lo peço, meu Pai, me retireis do que consintais que seja desviada do seu fim providencial, que é o bem de todos e o meu próprio adiantamento moral.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Santa Barbara/Iansã

Oiá ou Iansã dirige o vento, as tempestades e a sensualidade feminina. 
É a senhora do raio e soberana dos espíritos dos mortos,  que encaminha para o outro mundo.
Correspondência com os santos católicos:  Santa Bárbara.
Pataki de Oya com Ogun
Senhora dos ventos e tempestades, relâmpagos proprietário, esposa de Xangô principal, guia as almas dos mortos (eguns). Seu dia é quarta-feira, usa roupa marrom e vermelho escuro e algumas vezes com o branco, ou branco sozinho, segundo os seus caminhos. O guia de contas de seus filhos é marrom escuro. Seu Brado (saudação): Eparrey!



LENDA 1
A tragédia de Bárbara começa quando esta se recusa a casar-se com o homem escolhido por seu pai, Dióscoro. Ser esposa de Deus era a sua escolha. Tamanha insubmissão ao poder patriarcal, por volta do ano 225, na antiga região da Nicomédia, também conhecida como Ásia Menor, era considerada uma ofensa sem par. O pai a encerra numa torre e se ausenta. Ela então abre com os próprios dedos uma terceira janela numa das colunas de mármore de uma sala de banhos recém-construída. As águas da piscina tornam-se milagrosas, curando enfermidades. Não satisfeita, destrói todos os ídolos que seu pai adora. Adquire superpoderes, transformando malfeitores em pedras, animais ou vegetais. Seu nome torna-se conhecido por todos, multidões a seguem e outros tantos fogem ao vê-la passar.
Dióscoro retorna e exige de Bárbara uma explicação. Ela o informa que as três janelas simbolizam a Santíssima Trindade e a morte de Cristo, de quem recebera seus poderes mágicos. Não convencido, o pai procura uma espada para matá-la. Ela foge. Mais tarde, é entregue às autoridades da religião oficial local, que a obrigam a abjurar sua nova crença. Como ela negasse, eles a torturam. Seu corpo é quase dilacerado, mas o Senhor a visita durante a noite e, no dia seguinte, ela se apresenta ilesa diante do juiz Marciano, declarando que Jesus a havia curado. Rasgam-lhe as carnes com instrumentos de ferro, queimam-na com tochas acesas, golpeiam-na sua cabeça com martelos, cortam-lhe os seios...por fim, obrigam-na a desfilar nua pelas ruas. Quase sem forças, Bárbara implora ao Senhor que a poupe dessa vergonha... E um anjo desce do céu cobrindo-a com uma capa de luz. Mas ela é condenada a morrer decapitada e o pai se oferece para ser o degolador. No momento mesmo em que seu pai e carrasco ergue a espada, Bárbara pede a Deus que, dali em diante, todo aquele que invocasse no momento da morte fosse salvo. Após executar a sentença, tendo já degolado a filha, Dióscoro desce a montanha, sendo fulminado por um raio. Marciano, o juiz que a sentenciara, morre pouco depois da mesma maneira.
Percebe-se o elo de Santa Bárbara com Iansã tanto por ambas terem conexão com o fogo do céu (raio), como por representarem um arquétipo de mulher insubmissa. Escolhendo Jesus como noivo, Bárbara ousou dispor livremente de seu próprio magnetismo feminino. Em linguagem mais moderna, ela estaria assumindo o controle da própria sexualidade, elegendo como futuro companheiro o arquétipo do homem superior, espiritualizado, apesar de sua escolha contrariar os interesses e valores do grupo social a que pertencia. No caso de Iansã, é Xangô, o patrono da justiça, a figura masculina com quem ela se encontra mais frequentemente associada.


LENDA 2
Um rei tinha uma filha chamada Ala. Ele queria casá-la com um príncipe poderoso. No entanto, a princesa já tinha um amante e do amante ela esperava um filho. Sabedor do fato, o rei resolveu matá-la. Numa barca, levou a princesa até o meio do rio, do rio onde vivia Oxum. Jogou a princesa no meio do rio, a casa de Oxum. O rei tinha um papagaio que o acompanhava sempre. O papagaio tudo presenciou.
Tempos depois, alguns pescadores viram uma caixa boiando no rio. Foram ver de perto e dentro tinha uma criança Assustaram-se com o que viram. Temerosos, abandonaram o seu achado  na margem do rio. Pelo mesmo lugar passou outra embarcação e seus ocupantes foram atraídos pelo choro da criança. Os viajantes acabaram recolhendo a criança e a levaram a presença do rei.
O rei ficou feliz com o presente e resolveu apresentar a criança  ao povo como sendo filha sua. Ele sentia falta da filha que afogara, sentia-se sozinho.
deu uma festa para apresentar a nova filha que adotara. Quando todos estavam reunidos o papagaio contou-lhes acerca  de todo o sucedido. Disse que a menina havia nascido na casa de Oxum. Portanto, deveriam devolvê-la ao rio. O rei então se deu conta de que a menina era sua neta e devolveu-a ao rio onde nascera.
A criança cresceu protegida por Oxum.ESTA MENINA ERA YANSÃ

LENDA 3
Oiá desejava ter filhos, mas não podia conceber.
Oiá foi consultar um babalaô e ele mandou que ela fizesse um ebó.
Ela deveria oferecer um carneiro, um agutã, muitos búzios e muitas roupas coloridas.
Oiá fez o sacrifício e teve nove filhos.
Quando ela passava, indo em direção ao mercado,  o povo dizia:
"Lá vai Iansã".
Lá ia Iansã, que quer dizer mãe nove vezes.
E lá ia ela orgulhosa ao mercado vender azeite-de-dendê.
Em sinal de respeito, por ter seu pedido atendido,
Iansã, a mãe de nove filhos, nunca mais comeu carneiro


LENDA 4
MAIS UMA LENDA de Iansã

A história de Iansã Oiá, literalmente, "aquela que rasga", e que eu reconto aqui :

Iansã Oiá tinha um pai adotivo e vivia com ele na mata. Ele era o maior de todos os caçadores.Um dia, morreu e deixou Oiá muito triste.

Ela decidiu que queria fazer uma homenagem para o pai.Embrulhou seus pertences de caça num pano, preparou suas iguarias favoritas.E dançou e cantou por sete dias, espalhando seu vento por toda parte e fazendo vir todos os caçadores da terra.

Na sétima noite, embrenhou-se na mata e depositou ao pé de uma árvore sagrada os pertences de seu pai.Olorum, que sempre vê tudo, ficou comovido.

Fez da jovem Iansã guia dos mortos no caminho sagrado, Orum Aiê e mãe dos espaços dos espíritos.

Fez de seu pai, Odulecê, um orixá.E do gesto de Oiá, o ritual ao qual todos os mortos têm direito: comidas, cantos, danças e um espaço sagrado...

Iansã teve muitos homens e de cada um ganhou uma coisa importante:

De Ogum, o ferreiro divino, ganhou nove filhos e o direito de usar a espada para defender-se e defender os outros;

De Oxaguiã, o jovem construtor, ganhou um escudo para proteger-se dos inimigos;

De Exu, o mensageiro, ganhou o direito de usar a magia e o poder do fogo para realizar desejos;

De Oxóssi, o caçador, ganhou o saber da caça para alimentar seus filhos;

De Logun Edé, o senhor das matas, ganhou o direito de tirar das cachoeiras os frutos d' água para seus filhos;

Com Xangô, o juiz, viveu o resto da vida e ganhou dele o poder do encantamento, o posto da justiça e o domínio dos raios.

Um dia, houve uma festa, todos os orixás estavam presentes.

Omulu-Obaluaê, o temido orixá das doenças, chegou vestido de palha. Ninguém o reconheceu e nenhuma mulher quis dançar com ele.

Mas eis que, de repente, Oiá-Iansã entra na roda e atrave-se a dançar com o Senhor da Terra.E tanto girava que levantou o vento, e o vento descobriu a palha de Omulu.

Todos puderam ver o quanto ele era belo.E o reverenciaram.Ele ficou tão grato que fez de Oiá a rainha dos espíritos dos mortos, Oiá Igbalé, a condutora dos eguns, os espíritos dos mortos).E ela dançou de alegria a sua dança que convoca o vento.

As filhas de Iansã devem ser assim, apaixonadas, amantes dos temporais, amazonas de ventanias.


LENDA 5
Ogum foi fazer, uma caça,estava com o animal na mira de sua arma para derrubar um búfalo enorme, e de repente vê-se que a pele do animal se abre e ele  vê a Oya linda! Linda, ricamente vestida e cheia de ornamentos que valorizavam a beleza e sensualidade. Ela pega a pele do búfalo e se escondeu em um formigueiro, dai saiu e dirigindo-se para a cidade. Ogum a seguiu e completamente dominado pela beleza de IANSÃ, propõe casamento, que não foi aceite pelo oya. Ogum, em seguida, retornar ao local onde a viu pela primeira vez, e em não desistir e levar a pele de búfalo e guarda para si mesmo, retornando para a cidade, estava determinado a ter a seu lado Oya custe o que custar e não dar por vencido. Quando Oyá, descobriu o roubo da pele volta à cidade e encontra Ogum esperando por ela, ela o acusa e exigiu o que era seu e nada Ogum, finge não entender nada. Oya sente que tem que se render e aceitar a proposta, Ogum não se renderam em sua primeira rejeição, se você quiser os seus pertences de volta. Mas impõe condições: - Ninguém nunca poderia saber o segredo que ela tinha e que ele compartilhava apenas com ele, ele nunca deve revelar a ninguém, nem contar a ninguém. Ogum aceitou os termos e Ogum  casaram-se.E Ogun não estava sozinho e tinha outras mulheres junto de Ogum, que ficou com ciúmes da bela Oyá. ambas foram de um guerreiro mulher de grande caráter , orgulhosos impetuoso, mas com um amor tão grande entre os dois que deram oya Ogoni 9 crianças e mesmo  Ogum tendo preferido oyá , outras mulheres decidiram tomar uma atitude. Para intoxicar com vinho de palma Ogum Ogum tinha esse vício, e que ficou bêbado para dizer-lhes o segredo de Oya. Ele, então, contou de ser dela da oyá um chifre de animal e tambem que sua pele, chifres e cascos eram de oyá. Oyá fingiu que não era dela, mas quando deixado sozinha, ele correu até o local e encontraram seus pertences. Vestiram-se e perfeitamente ajustado, volto a força do animal e raiva para as outras mulheres atacadas e mortas. Desapontado com a traição de Ogum e sua falta de confiança, chorando de raiva por ele ter revelado seu segredo, a decepção,o  amor e pretendia voltar para a floresta, mas seus filhos a chamavam de volta. Ela então pegou seus chifres e deu-lhes, dizendo-lhes que se eles nunca precise, mas se precisar e somente eles  bater uns nos outros e ela iria surgir a partir do vento para defendê-los. Ogun nunca poderia se perdoar por ter falado o segredo de Oya.

Características dos Filhos de Iansã

Para os filhos de Iansã, viver é uma grande aventura. Enfrentar os riscos e desafios da vida são os prazeres dessas pessoas, tudo para elas é festa. Escolhem seus caminhos mais por paixão do que por reflexão. Em vez de ficar em casa, vão à luta e conquistam o que desejam.
São pessoas atiradas, extrovertidas e diretas, que jamais escondem seus sentimentos, seja de felicidade, seja de tristeza. Entregam-se a súbitas paixões e de repente esquecem, partem para outra, e o antigo parceiro é como se nunca tivesse existido. Isso não é prova de promiscuidade, pelo contrário, são extremamente fiéis à pessoa que amam, mas só enquanto amam.
Essas pessoas tendem a ser autoritárias e possessivas; seu gênio muda repentinamente sem que ninguém esteja preparado para essas guinadas. Os relacionamentos longos só acontecem quando controlam seus impulsos, aí, são capazes de viver para o resto da vida ao lado da mesma pessoa, que deve permitir que se tornem os senhores da situação.
Seu comportamento pode ser explosivo, como uma tempestade, ou calmo, como uma brisa de fim de tarde. Só uma coisa o tira do sério: mexer com um filho seu é o mesmo que comprar uma briga de morte: batem em qualquer um, crescem no corpo e na raiva, matam se for preciso.

Entendendo quem são as SETE SAIAS

O nome "Sete Saias" é muito conhecido entre os apreciadores e protegidos das

Pombas Giras e das Ciganas

Para clarear um pouco é preciso que se saiba que existem:

* POMBA GIRA SETE SAIAS OU POMBA GIRA DAS SETE SAIAS

* POMBA GIRA CIGANA SETE SAIAS OU POMBA GIRA CIGANA DAS SETE SAIAS

* CIGANA SETE SAIAS OU CIGANA DAS SETE SAIAS

Essas 3 categorias não representam a mesma entidade,tão pouco são variações da

roupagem fluídica da entidade.

Os espíritos que adotam a denominação "Sete Saias" pertencem à falanges diferentes.

à saber :

*POMBA GIRA SETE SAIAS: FALANGE DE POMBA GIRAS, (existe ainda Pomba

Gira Sete Saias da Encruzilhada, da Calunga, do Cruzeiro, do Cabaré, da Estrada)

*POMBA GIRA CIGANA SETE SAIAS: FALANGE DE POMBA GIRAS (QUE SE SERVEM DA MAGIA CIGANA) MAIS AINDA ASSIM SÃO POMBAS GIRAS

*CIGANA SETE SAIAS: LINHA DAS CIGANAS (NÃO SÃO POMBAS GIRAS)

Todas as entidades que adotam o nome "Sete Saias" teem em comum a especialidade

nos assuntos do coração.

O temperamento, a forma de apresentação e o comportamento das entidades variam

conforme a personalidade de cada uma e a personalidade do médium.

A Cigana Sete Saias, obviamente irá demonstrar o temperamento mais suave e alegre

dos ciganos; A Pomba Gira Cigana Sete Saias, costuma ser mais sedutora e trabalhar

com o encantamento e a magia cigana; e a Pomba Gira Sete Saias é Guardiã, trabalha

mais com demandas e quebras demandas.


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Omulu/Obaluaê




SINCRETISMO RELIGIOSO
Uma das lendas conta que Obaluaiê haveria contraído uma moléstia contagiosa que lhe transformara a face, daí manter sempre a face oculta por um filá de palha da costa. O negro africano, tornado escravo no Brasil, via na figura de São Lázaro, o leproso, a figura que mais se aproximava do orixá da peste, da bexiga (varíola) e de todas as moléstias, principalmente as transmissíveis. É, ao mesmo tempo, que a ele se socorrem aqueles que temem por um parente, amigo ou líder importante que se encontre enfermo. As oferendas a Obaluaiê são sempre consideradas práticas mágicas, visando aproximar a saúde e afastar a morte, ponto final de todas as doenças. Em algumas religiões, também é sincretizado com São Roque e nestas ocasiões isso se deve muito mais à figura representativa do santo (um homem com roupas medievais) acompanhado de cães que lhe lambem os ferimentos (uma antiga crença popular acredita que quando um cão lambe uma ferida humana, esta cicatriza-se mais rapidamente), do que pela própria história do santo católico. Nestes casos, é comum nos candomblés, expressões tais como: "Eu sou filho de Obaluaiê, mas o meu usa chapéu", para diferenciar de São Lázaro cuja figura é representada sem esse adereço.

CARACTERÍSTICAS
Obaluaiê, também é chamado de Abaluaê,. Sapatá, Xapanã, Xankpanã, Omulu e Babalu, é o orixá da doença e de sua principal consequência, a morte. É um orixá taciturno, de difícil trato e que necessita de várias obrigações para ser abrandado. É também complacente quando o pedido é feito por mães ou esposas em favor de maridos ou filhos. É o mais temido de todos os orixás e o que menos se sensibiliza com o destino de seus seguidores. É um rei déspota que não admite contestações. Em virtude da sua ligação com a morte, é também chamado de orixá dos cemitérios, sendo cultuado preferencialmente nos chamados cruzeiros  das almas.
Goza de grande intimidade com os espíritos inferiores (Exus) justamente porque estes últimos, quase sempre habitam a sua casa, o cemitério (calunga pequena). Não confundir com a calunga grande que é o mar (reino exclusivo de mãe Iemanjá).

DATA COMEMORATIVA
Apesar de São Lázaro ser festejado a 17 de dezembro, no calendário católico, Obaluaiê é cultuado principalmente no dia de finados (1 de novembro) em virtude da sua ligação com os mortos. Há também um culto generalizado a Obaluaiê, nas tendas de Umbanda que não fecham na quaresma em virtude da sua familiaridade com os espíritos inferiores (Exus).

SAUDAÇÃO
A saudação tradicional para Obaluaê, em todo o Brasil é: "Atotô Obaluaê"!
Ao que os filhos de fé respondem respeitosamente: "Atotô, meu Pai"!

CORES REPRESENTATIVAS
Obaluaê, por representar a morte, a ausência da vida e consequentemente a ausência da luz, só poderia ter uma cor, o preto, a escuridão, o nada. Na Umbanda e no Candomblé, o preto é utilizado justamente com o branco. No passado, atribuíam-se-lhe outras cores: o marrom e o roxo, em virtude da afinidade com Nanã Buruquê.

INSTRUMENTOS DE CULTO
Na Umbanda, o único instrumento de culto deste orixá, é a guia de contas de cristal brancas (grandes) intercaladas com contas pequenas de porcelana (10 milímetros para o cristal e 6 milímentros para a porcelana). Isto ocorre porque a luz deve sempre superar a sombra. Na guia, o branco significa a presença soberana da luz (Oxalá) e o negro, a ausência da mesma. No Candomblé, o instrumento principal é o xaxará, variação reta do ebiri de Nanã Buruquê. O xaxará seria, a princípio, uma vassoura velha, gasta, mais curta que o ebiri. Nos atuais Candomblés "DEPLUMAS, PAETÍS E LANTEJOLAS", a antiga vassoura gasta acabou assumindo o aspecto de um bastão reto e cônico, adornado de búzios e de contas brancas e pretas.
Além disso, no Candomblé, como insígma real, é utilizado um longo brajá (barajá) de búzios que traze\JI na ponta uma cabaça pequena, adornada de palha da costa, búzios e contas, com a particularidade de, ao contrário dos demais brajás e guias, ter o fecho embaixo no ponto onde se insere a cabaça. A sua vestimenta é sui generis e, difere de todos os demais orixás.
É constituida de uma calça branca presa nos tornozelos com fitas, encima por um saiote longo de palha da costa, um capuz de palha da costa que começa no alto da cabeça, cobrindo o rosto e o dorso, fazendo enfim com que fiquem visíveis apenas os braços, as mãos e os pés do filho de fé manifestado com o orixá.
Sua dança é bastante cadenciada e tem como um balet, passos especiais. Sua festa maior é denominada Alubajé ou Batucajé, ocasião em que além dos atabaques usuais., RunRunle e Run-Pi, costumam-se utilizar (embora muito raramente) um atabaque especialmente construído para o orixá, que chega a medir até quantro metros de altura.

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE FÉ DE OBALUAÊ (OMULU)
Os filhos de Obaluaiê são muito controvertidos, seu caráter, as vezes, é taciturno, calado, fechado em si próprio. Às vezes, têm piques de alegria, descontração e satisfação, indo, de um pólo para outro, com facilidade e com muita frequência. Os filhos de Obaluaiê gostam de ocultismo, têm certa tendência para tudo o que é misterioso.
Gostam e frequentemente estudam a vida dos astros. Gostam das artes e das pesquisas, dedicando-se muito para isso. Convivem melhor com pessoas idosas, do que com as mais jovens.
Não têm a paciência necessária para suportar arroubos da mocidade; mesmo seus filhos (de Obaluaiê), de menos idade, sempre procuram pessoas de mais idade para conviver. Não gostam de aglomerados preferem o isolamento, utilizando seu tempo em coisas que consideram de maior utilidade.
Raramente se abrem a respeito se seus problemas, preferem "curtir" a mágoa ou a dor sem participar a ninguém. Muito sentimentais, e muito frequentemente, profundamente negativas.

NOTA EXPLICATIVA
Os filhos de fé não recebem influências de apenas um ou dois Orixás, da mesma forma que nós não ficamos presos à educação e orientação de um pai ou mãe espiritual; nós não ficamos também sob a tutela do nosso-orixá de frente ou junto. Frequentemente recebemos influências de outros orixás (como se fossem professores, avós, tios, amigos mais chegados na nossa vida material).
O fato de recebermos estas influências não quer dizer que somos filhos ou afilhados desses orixás, trata-se apenas de uma afinidade espiritual. Uma pessoa, às vezes, não se dá melhor com uma tia do que com uma mãe? Assim também é com os orixáz, podemos ser filhos de Oxossi ou Iansã e receber mais influência de Ogum ou Oxum.
Posso ser filho de Obaluaê e não gostar de trabalhar com entidades que mais lhe dizem respeito, preferindo trabalhar com entidades de cachoeiras, o que, de forma alguma, me faz ser adotado por estes outros orixás. O importante é que nos momentos mais decisivos de nossas vidas, suas influências benéficas se fazem presentes. Quase sempre uma soma de valores e não apenas, e individualmante, a característica de um único Orixá.